Facilitadores: Privilégio e Responsabilidade

Nas últimas semanas estive envolvido nos ensaios de uma canção para incluir no repertório de eventos comemorativos da celebração da Páscoa em nossa igreja. Grande parte da igreja estava envolvida, além do Ministério de Louvor, teríamos apresentação do Coral de Mulheres e até uma coreografia dos Adolescentes em parceria com o Ministério de Crianças.
Na volta de um dos ensaios, veio a minha mente a questão de que o domingo de Páscoa é precedido por um feriado nacional e portanto haveria uma enorme possibilidade da igreja estar vazia em virtude de muitos irmãos aproveitarem o feriado para viajar.

Estávamos ensaiando o louvor ” A coroa”, do Ministério Raiz Coral, havíamos tirado o arranjo o mais próximo possível da gravação original e estávamos investindo tempo também na divisão das vozes, para que a canção fosse apresentada a igreja de uma forma bem profissional, e estávamos correndo o risco do tocar para quase ninguém.

Então, o Espírito Santo falou profundamente ao meu coração que antes daquela canção ser tocado com a intenção de mostrar nossa musicalidade a igreja, ela deveria ser uma oferta agradável a Deus. Todo nosso empenho nos ensaios deveria em primeiro lugar focalizar a questão de oferecermos a Deus o nosso melhor. A igreja gostar ou não seria uma conseqüência e na realidade o que importava não era a opinião da igreja, mas sim nossa condição de canal para operação de Deus nos membros e visitantes presentes.

Se a glória de Deus não se manifestasse e não houvesse cura e libertação através não só desse louvor, mais de todos os outros que seriam entoados, todo nosso esforço nos ensaios teria sido em vão. Se atingíssemos o emocional das pessoas, mas o espiritual se mantivesse inalcançável, melhor seria que não preparássemos nada.

Tocado por essas palavras, voltei aos ensaios com a motivação certa e feliz por estar sendo tratado por Deus. Porém a questão continuou a me incomodar. Quantos músicos dedicados aos seus ministérios não têm se apresentado a Deus com a sinceridade errada e motivações impróprias?

Afinal de contas qual o objetivo de um Ministério de Louvor?

Creio que nós músicos da casa de Deus somos facilitadores. Em todo culto temos a presença do mais variado tipo de pessoas com o mais variado tipo de problemas. Pessoas reais com problemas reais.

Dependendo das circunstâncias, alguns entram na presença de Deus com mais facilidade e outras com mais dificuldades. Nós como facilitadores temos a missão de ajudar as pessoas a entrar na presença de Deus e assim Ele poder operar com seu poder e glória nas dúvidas e angustias de seus servos.

Porém se o som que estamos fazendo ali na frente impede que as pessoas que estão presentes no culto adorem a Deus, alguma coisa esta errada.

E se a música que estamos tocando esta servindo de meio para demonstrarmos nossas habilidades em nossos instrumentos, alguma coisa esta errada também.

Considero que ser separado por Deus para fazer parte de um Ministério de Louvor é um privilégio. Mas esse privilégio traz consigo uma responsabilidade tremenda.

Assim como nós podemos facilitar para que as pessoas entrem na presença de Deus, nós também podemos impedi-las.

Assim como nós devemos preparar o ambiente para que o Espírito Santo possa agir, nós também podemos impedi-lo.

Isso mesmo! É uma constatação confrontante, mas realmente nós podemos impedir a operação do Espírito Santo.

Se tocamos ou cantamos para agradar a nós mesmos ou para mostrar para as pessoas quão bom nós somos, estaremos ofertando fogo estranho ao Senhor, nossa carne vai estar sendo glorificada e Deus não divide sua glória com ninguém. O capítulo 10 do livro de Levíticos nos lembra que aqueles que entram na presença de Deus devem respeitar a Sua santidade.

Amados, desfrutem do privilégio de fazer parte de um ministério de louvor, mas nunca se esqueçam a responsabilidade que é você se apresentar a Deus em todo o culto com a missão de ofertar louvores a ele e de levar a igreja a ofertar junto contigo.

Que nossa vida de adoração seja diária. No trânsito, no mercado fazendo compras, na fila do banco, no trabalho, nos estudos, no lazer.

Não deve haver diferença entre nossa adoração nos nossos cultos individuais em nossa rotina diária para nossa adoração nos cultos públicos de nossas igrejas.

A música é apenas um instrumento que Deus usa para operar em nós e através de nós. Quando damos a Ele um lugar de honra em nossa vida, Ele vai além das notas, além dos acordes, além das harmonias, além das melodias, além dos solos. Ele faz o que homem nenhum pode fazer por melhor que essa seja em seu instrumento, pois o máximo que a música faz é cócegas em nossa alma, mas Deus toca no nosso espírito.

Pra terminar deixo um versículo para refletirmos:

“E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”. Lucas 12:48

Graça e paz